Bom dia caros amigos:
Há já algum tempo que não conversava convosco por esta via, mas agora, por infortúnio nosso, em consequência deste vírus que anda por aí a virar-nos a vida do avesso, sobra algum tempo que se consegue canalizar para outras coisas.
O lado bom desta pandemia, para nós treinadores, é que agora conseguimos passar tempo decente com as nossas famílias, algo que nos é tão raro e simultaneamente tão necessário. Só é pena que seja pelo motivo que é.
O assunto de hoje é simples de observar mas, talvez, menos simples de resolver. Hoje, estou a pensar naqueles ginastas que por idade, deixaram de ser juniores (eventualmente com presenças frequentes nas seleções nacionais de juniores) e que passaram a ser seniores, mas que não tem, ainda, a possibilidade de entrar nas seleções nacionais seniores.
O diagnóstico desta realidade não é direto, ou seja, não é comum a todas as especialidades/ género. Se por um lado, a seleção nacional sénior feminina de duplo-mini-trampolim, tem poucas (demasiado poucas) candidatas a um lugar na equipa, a seleção nacional sénior masculina, tem, para a nossa realidade, um bom grupo de pretendentes a um lugar, com qualidade para fazerem coisas interessantes a nível mundial, ainda por cima, com muita gente nova e acabada de chegar ao escalão sénior.
Já no caso do trampolim, a realidade é um pouco diferente. A equipa sénior feminina passa por uma fase difícil, com muito poucas ginastas elegíveis para um lugar na equipa e com um tempo de espera, até que surjam novas candidatas, demasiado longo. Tão longo, que estou mesmo convencido que temos que olhar para este tempo de espera como uma oportunidade em vez de uma dificuldade.
Por outro lado, a equipa sénior masculina revela uma realidade que me preocupa muito. Neste momento, temos três ginastas com lugar cativo na equipa (tenho por referência o processo de apuramento para o europeu). Todos eles conquistaram esse lugar com mérito próprio e têm qualidade mais do que suficiente para lá estarem. No entanto, estes não serão eternos. Os dois ginastas com experiência olímpica têm já muitos anos de trampolins nas pernas e sabem que não podem governar eternamente as suas vidas à custa dos trampolins. Em algum momento acabarão por ter que fazer opções pessoais ou profissionais e inevitavelmente deixarão de saltar.
Ora, é exatamente aqui que começa a minha preocupação maior. Para além destes ginastas que nos últimos anos têm representado a seleção sénior masculina, há um grupo considerável de ginastas, que já são elites seniores, que têm qualidade, mas que não têm, para já, notas para entrarem na seleção nacional. Para estes ginastas existe apenas o CMGI no escalão 17-21 anos (para alguns nem isso), que, como bem sabemos, não é a mesma coisa que uma Seleção Nacional. Além dos encargos financeiros que lhe estão associados, rege-se por sistemas de apuramento e de participação que em nada têm a ver com aquilo que se passa na seleção sénior.
A pergunta que se impõe é a seguinte:
- O que podemos fazer com os ginastas elites seniores, sub 21 ou sub 23, que ainda não têm notas para chegarem a uma/ duas vagas disponíveis na equipa sénior masculina?
Facilmente conseguimos encontrar uma dezena de ginastas elites seniores masculinos que aspiram a uma seleção nacional, mas a quem é pedido, nesta altura, um salto de gigante, para que consigam assegurar aquele lugar que sobra disponível na equipa. Sendo certo que apenas um, ou no máximo dois, conseguirão, num futuro próximo, aceder a esta equipa, o que irá acontecer com os restantes?
Estamos a falar de ginastas que, em muitos casos, tiveram que mudar os seus locais de treino e viram a sua vida completamente alterada por entrarem na universidade. Ginastas que têm que se organizar sozinhos para poderem continuar a treinar com a regularidade que se exige e que têm que ser capazes de conciliar a vida académica ou mesmo profissional com a sua carreira desportiva.
Para estes ginastas, é necessário mostrar-lhes que vale a pena fazerem este esforço e que não estão apenas a treinar para que um dia (sabe-se lá quando) possam chegar a uma seleção sénior, ainda mais quando alguns vêm essa tarefa como uma missão quase impossível.
Claro que tenho consciência que a grande limitação é e será sempre o dinheiro que existe disponível para se investir (repito, INVESRTIR), que nunca é suficiente, no entanto, há algumas coisas que se podem começar a fazer com estes ginastas e que não implicam custos significativos. Por exemplo:
1 - Chamar uma segunda linha (3 a 4 ginastas) a integrarem os estágios da equipa sénior e a participarem nos momentos de preparação desta equipa. Colocá-los a treinarem com os melhores e no contexto certo, dando-lhes experiência, subindo a fasquia e renovando-lhes a ambição.
2 - Participar em competições internacionais realizadas em Portugal, com uma equipa B. Para além da equipa principal, quer esta participe ou não, participar com uma segunda equipa, completa. Neste caso, os custos poderão ser muito reduzidos se se usar um sistema parecido com aquilo que se passa nos CMGI. Os ginastas poderão ser convidados a participar, sabendo de antemão que a FGP apenas suportará uma parte reduzida dos custos (eventualmente a inscrição em prova e as refeições, ficando a estadia a cargo de cada um). Claro que não é o cenário ideal, mas é, pelo menos, mais do que aquilo que temos atualmente.
3 - Criar um ranking, anual, para seriação de todos os ginastas elites seniores, que não estejam apurados para as competições major (CM, CE e Taças do Mundo) e que seja baseado num leque de provas opcionais (3 a 4 provas) e que "obrigue" a que estes ginastas se mantenham focados e a trabalhar para algo de concreto, com consequências benéficas para si (acesso a estágios da equipa sénior nacional ou a competições internacionais pela equipa B, por exemplo).
Estas ou outras ideias podem ser também aplicadas aos escalões mais jovens, mas esse tema deixarei para outro momento.
Nada disto é inteiramente novo e já foi certamente pensado por muitas cabeças, mas fica aqui um registo de muitas conversas que vamos tendo nos pavilhões por onde vamos passando.
Desafio-vos a apresentarem também as vossas ideias e concordarem ou discordarem em absoluto das que aqui apresento. São ideias...
Bem hajam ...
Keep safe....
Aquele abraço
Helder Silva
Há já algum tempo que não conversava convosco por esta via, mas agora, por infortúnio nosso, em consequência deste vírus que anda por aí a virar-nos a vida do avesso, sobra algum tempo que se consegue canalizar para outras coisas.
O lado bom desta pandemia, para nós treinadores, é que agora conseguimos passar tempo decente com as nossas famílias, algo que nos é tão raro e simultaneamente tão necessário. Só é pena que seja pelo motivo que é.
O assunto de hoje é simples de observar mas, talvez, menos simples de resolver. Hoje, estou a pensar naqueles ginastas que por idade, deixaram de ser juniores (eventualmente com presenças frequentes nas seleções nacionais de juniores) e que passaram a ser seniores, mas que não tem, ainda, a possibilidade de entrar nas seleções nacionais seniores.
O diagnóstico desta realidade não é direto, ou seja, não é comum a todas as especialidades/ género. Se por um lado, a seleção nacional sénior feminina de duplo-mini-trampolim, tem poucas (demasiado poucas) candidatas a um lugar na equipa, a seleção nacional sénior masculina, tem, para a nossa realidade, um bom grupo de pretendentes a um lugar, com qualidade para fazerem coisas interessantes a nível mundial, ainda por cima, com muita gente nova e acabada de chegar ao escalão sénior.
Já no caso do trampolim, a realidade é um pouco diferente. A equipa sénior feminina passa por uma fase difícil, com muito poucas ginastas elegíveis para um lugar na equipa e com um tempo de espera, até que surjam novas candidatas, demasiado longo. Tão longo, que estou mesmo convencido que temos que olhar para este tempo de espera como uma oportunidade em vez de uma dificuldade.
Por outro lado, a equipa sénior masculina revela uma realidade que me preocupa muito. Neste momento, temos três ginastas com lugar cativo na equipa (tenho por referência o processo de apuramento para o europeu). Todos eles conquistaram esse lugar com mérito próprio e têm qualidade mais do que suficiente para lá estarem. No entanto, estes não serão eternos. Os dois ginastas com experiência olímpica têm já muitos anos de trampolins nas pernas e sabem que não podem governar eternamente as suas vidas à custa dos trampolins. Em algum momento acabarão por ter que fazer opções pessoais ou profissionais e inevitavelmente deixarão de saltar.
Ora, é exatamente aqui que começa a minha preocupação maior. Para além destes ginastas que nos últimos anos têm representado a seleção sénior masculina, há um grupo considerável de ginastas, que já são elites seniores, que têm qualidade, mas que não têm, para já, notas para entrarem na seleção nacional. Para estes ginastas existe apenas o CMGI no escalão 17-21 anos (para alguns nem isso), que, como bem sabemos, não é a mesma coisa que uma Seleção Nacional. Além dos encargos financeiros que lhe estão associados, rege-se por sistemas de apuramento e de participação que em nada têm a ver com aquilo que se passa na seleção sénior.
A pergunta que se impõe é a seguinte:
- O que podemos fazer com os ginastas elites seniores, sub 21 ou sub 23, que ainda não têm notas para chegarem a uma/ duas vagas disponíveis na equipa sénior masculina?
Facilmente conseguimos encontrar uma dezena de ginastas elites seniores masculinos que aspiram a uma seleção nacional, mas a quem é pedido, nesta altura, um salto de gigante, para que consigam assegurar aquele lugar que sobra disponível na equipa. Sendo certo que apenas um, ou no máximo dois, conseguirão, num futuro próximo, aceder a esta equipa, o que irá acontecer com os restantes?
Estamos a falar de ginastas que, em muitos casos, tiveram que mudar os seus locais de treino e viram a sua vida completamente alterada por entrarem na universidade. Ginastas que têm que se organizar sozinhos para poderem continuar a treinar com a regularidade que se exige e que têm que ser capazes de conciliar a vida académica ou mesmo profissional com a sua carreira desportiva.
Para estes ginastas, é necessário mostrar-lhes que vale a pena fazerem este esforço e que não estão apenas a treinar para que um dia (sabe-se lá quando) possam chegar a uma seleção sénior, ainda mais quando alguns vêm essa tarefa como uma missão quase impossível.
Claro que tenho consciência que a grande limitação é e será sempre o dinheiro que existe disponível para se investir (repito, INVESRTIR), que nunca é suficiente, no entanto, há algumas coisas que se podem começar a fazer com estes ginastas e que não implicam custos significativos. Por exemplo:
1 - Chamar uma segunda linha (3 a 4 ginastas) a integrarem os estágios da equipa sénior e a participarem nos momentos de preparação desta equipa. Colocá-los a treinarem com os melhores e no contexto certo, dando-lhes experiência, subindo a fasquia e renovando-lhes a ambição.
2 - Participar em competições internacionais realizadas em Portugal, com uma equipa B. Para além da equipa principal, quer esta participe ou não, participar com uma segunda equipa, completa. Neste caso, os custos poderão ser muito reduzidos se se usar um sistema parecido com aquilo que se passa nos CMGI. Os ginastas poderão ser convidados a participar, sabendo de antemão que a FGP apenas suportará uma parte reduzida dos custos (eventualmente a inscrição em prova e as refeições, ficando a estadia a cargo de cada um). Claro que não é o cenário ideal, mas é, pelo menos, mais do que aquilo que temos atualmente.
3 - Criar um ranking, anual, para seriação de todos os ginastas elites seniores, que não estejam apurados para as competições major (CM, CE e Taças do Mundo) e que seja baseado num leque de provas opcionais (3 a 4 provas) e que "obrigue" a que estes ginastas se mantenham focados e a trabalhar para algo de concreto, com consequências benéficas para si (acesso a estágios da equipa sénior nacional ou a competições internacionais pela equipa B, por exemplo).
Estas ou outras ideias podem ser também aplicadas aos escalões mais jovens, mas esse tema deixarei para outro momento.
Nada disto é inteiramente novo e já foi certamente pensado por muitas cabeças, mas fica aqui um registo de muitas conversas que vamos tendo nos pavilhões por onde vamos passando.
Desafio-vos a apresentarem também as vossas ideias e concordarem ou discordarem em absoluto das que aqui apresento. São ideias...
Bem hajam ...
Keep safe....
Aquele abraço
Helder Silva
Bem visto. Concordo com tudo. Acrescento que estes ginastas são, muitas vezes, futuros técnicos, dirigentes, juízes, ou até patrocinadores. Bom, no limite, os seus filhos virão para a ginástica quase de certeza. Para além de tudo o que o Helder escreveu, eu acrescentaria a participação em provas como as do mediterrâneo, ou torneios internacionais. Até, como prêmio, levar um desses ginastas do tal ranking que o Helder propõe, a um estágio no estrangeiro com a seleção nacional. Esta minha costela de gestor de cursos humanos leva -me sempre a antecipar o futuro. E esse, começou ontem. Quando estes terminarem, a nova fornada tem de estar pronta. Logo, estamos à espera do que?
ResponderEliminarCaro Vítor:
EliminarAgradeço desde já a sua participação neste espaço de conversas.
As ideias que acrescenta parecem-me positivas, embora já acrescentem alguns custos (ou dito de outra forma, alguma necessidade de maior investimento). Apoio sobretudo a ideia de participações em competições do mediterrâneo, nomeadamente, em Portugal, Espanha e sul de França. Existem algumas interessantes, como por exemplo: Scalabiscup; Loulé Cup; Albacete; Valladolid; Copa Galiza; Colomiers.... Existem ainda outras em Portugal, que podem ser equacionadas, embora apresentem um nível competitivo mais baixo.
Para além destas, existem duas que me parecem muito apetecíveis e que acarretam custos bastante controlados, que se realizam na Holanda. Falo da Friendship Cup e da Dutch Trampoline Open. Esta última é excelente, barata e tem um nível muito bom, quer ao nível da organização, quer ao nível competitivo.
O mais importante, neste momento, é antecipar os cenários que se nos vão apresentar num futuro não muito distante e começar a fazer algo. Urge começar.
O mote está dado...
Um abraço.
Helder Silva
Olá Hélder, concordo com tudo o que escreveste e se houver vontade de iniciar o "caminho" que tu e o Vitor Varejão indicam seria um bom começo. Abraço
ResponderEliminarOlá Paulo.
EliminarObrigado por participares.
Não sei se não há vontade ou se não se passa da vontade. Pior do que dar um passo errado é não dar passo nenhum.
Se não se começar a fazer nada, vamos acabar por chegar à conclusão de que devíamos ter feito alguma coisa. Já vimos esse filme com os infantis.
O Tumbling já passou uma travessia do deserto, o TRI feminino e o DMT feminino estão agora a passar e os escalões juniores deixam-me preocupado, dada a escassez de elites que temos atualmente. Aqueles com quem não se está a contar agora, podem vir a ser necessários um dia destes.
Aquele abraço
Helder Silva
Olá Hélder.
ResponderEliminarPelo pouco tempo que tenho de ligação à ginástica, comparativamente a outros que andam no meio há já alguns anos, já deu para perceber que não podemos ficar à espera da FGP para dar alguns passos e concretizar aquilo que deve ser feito. Por isso, concordo plenamente com a tua visão sobre o fosso que existe para um grupo de ginastas que precisam de outro tipo de apoio para poderem subir patamares. E, se calar, adiantando futuras intervenções, para além desse grupo sénior, os escalões de formação também precisam de um outro acompanhamento, sobretudo que olhem para eles doutra forma ao longo da sua formação, e não apenas depois de feitos... Neste campo acho que um grupo de técnicos deverá arrepiar caminho e apresentar um projeto de formação a nível nacional credível, com os pressupostos que destacaste no teu comentário. Para apoio e implementação acho que as Associações Territoriais devem ter um papel no apoio à concretização do mesmo. Da "nossa" parte estamos cá para ajudar a concretizar.
Olá David:
EliminarBem vindo a esta conversa.
Há já vários anos que defendo que nos falta um "modelo técnico nacional". Desde a CMGI de 2015, na Dinamarca, que fomos percebendo que estamos a perder terreno para uma série de países que entretanto acordaram para alta competição e que têm uma capacidade de investimento diferente da nossa, com estruturas de ensino (escola) mais facilitadoras do treino de alto rendimento.
Mais insistentemente, após a CMGI de 2017 na Bulgária, tenho defendido que é urgente reunir um grupo de treinadores com experiência, com trabalho feito ao nível da formação e sobretudo com vontade de pensar o desenvolvimento das próximas gerações de ginastas portugueses. No fundo, um grupo de pessoas que pensem o desenvolvimento dos trampolins a 10 ou 15 anos de distância e que proponham linhas orientadoras muito claras, que façam de nós uma referência na formação. É de facto preciso atacar a formação com outro tipo de cuidados e outro tipo de competências que nos têm faltado.
Pessoalmente, continuo a resistir à ideia de que se os ginastas forem bons, acabam por se afirmar. Sou mais adepto da ideia de que se os ginastas forem bem trabalhados, acabam por aparecer e por ter carreiras mais sólidas e mais duradouras.
Estou e estive sempre disponível para este tipo de discussões e para trabalhar nestas questões. Haja vontade de quem pode decidir.
Estou convencido que para fazer realmente a diferença, as diretivas têm que vir de cima e as linhas orientadoras têm que chegar a todos os clubes, o que não seria impossível num país tão pequeno como o nosso.
Hoje, quando vemos um ginasta japonês a saltar, percebemos logo que é japonês; quando vemos um bielorusso, sabemos logo de que país vem e o mesmo acontece com os ingleses, com os franceses ou com os chineses. Mas quando salta um português, se lhe vestíssemos um maillot de outra cor, ninguém sabia de onde vinha... Falta-nos esse modelo de formação.
Obrigado pela tua participação;
Abraço
Helder Silva
Boa saúde a todos,
ResponderEliminarA tua resposta Hélder à afirmação "não temos ninguém..." está no trabalho que a Federação não faz no desenvolvimento dos trampolins em Portugal, mas sim no esforço que os clubes fazem, seus treinadores, pais, dirigentes e ginastas. Esta força que todos nós fazemos perde-se com o tempo porque não há sustentação quando é um ou dois a remar cada barco....
Depois das tuas ideias fantásticas, das ideias do Vítor Varejão excelentes e de outros que irao surgir, penso que o trabalho que se tem que fazer é muito mais pormenorizado e específico do que só estágios e competições isso sim vai ser o culminar de um trabalho base profundo a fazer em várias áreas da ginástica.
Comecemos com um escalão de 9-12 anos, 13/14,15/16 e um sub 21 que gostava que surgisse para preencher com ginastas que acabaram de ser Juniores e, seniores que ainda não chegaram ao escalão superior. É necessário entusiasmar todos os ginastas desde novos, o primeiro "meu escalão" não precisa de tanta atenção por ele já é entusiasmante por si só basta-lhes dar umas boas competições e o nome de Portugal, muito simples. Mas os ginastas a partir dos 13 anos precisam de uma preocupação acrescida, é preciso fazer um trabalho específico e similar para todos, com um caminho e objetivo comum , analisar e acompanhar se esse objetivo está a ser cumprido com as várias estratégias que os seus treinadores têm , observar vídeos do trabalho e definir estratégias para que todos estejam a planear bem esse objetivo, formar não uma base de equipa pré nacional de 3,4 ginastas mas sim de 6 /8 ginastas até admito acrescentar mais dois suplentes. Ter uma segunda linha de equipa nacional é ter sempre duas equipas de 4 ginastas de cada escalão desde os 9 aos 21 anos, é assim que se desenvolve a modalidade, com rigor, planeamento e competividade. Depois sim, estágios conjuntos com um objetivo, não ir treinar para competições uma vez ou outra.
Isto tudo não é necessário dinheiro, é necessário papel e Internet wifi ou dados móveis.
Acabamos com a parte mais difícil que são as participações em provas que requer investimento, todas as provas internacionais em Portugal (Cascais Beach Cup esqueceste!!!!! Lol tenho que vender o meu peixe não é ), fora de Portugal, e as nossas Nacionais participar com a base pré seleção e a seleção de Portugal, sem medo de mostrar quem temos e não estar à espera de quem sonhamos ter, ou à espera que alguém trabalhe um talento na sua aldeia desacompanhado de tudo e todos.
Não vamos deitar fora mais uma vez, 17 Elites femininas em dmt, ou outros tantos rapazes Juniores em trampolim e vamos agarrar muitos que existem e dar-lhes um futuro, um alento para continuar a defender Portugal mais 20 anos pelos menos.
Uma ideia...
Olá Helder:
EliminarObrigado pela tua participação.
A tua ideia de um escalão sub21 para as competições nacionais parece-me muito interessante, embora seja necessário clarificar um ou dois pontos.
Será só para os ginastas que não são elites senior ou também para os elites seniores? Ou será para todos?
O escalão 9-12 já não é tão consensual, mas não descarto a possibilidade. Que requisitos seriam adoptados para este escalão?
Quanto ao resto, estamos de acordo. è preciso regular o trabalho a nível nacional.
Abraço
Helder Silva
O escalão sub21 seria Elites e seniores 1 divisão, sem fugir do que já foi implementado e que na minha opinião é um desenvolvimento. O resto Hélder fica para mais tarde e quem quiser aproveitar, guardo comigo todas as ideias, quando as ideias forem aprovadas e cumpridas discutimos esses pontos todos. Lembro um plenário de 2013 onde foram aprovadas ideias por 40 treinadores e foram deitadas no lixo, mas reparo que pouco a pouco ainda lá vamos colocá-las todas no manual. Grande abraço
EliminarBoa tarde Hélder,
ResponderEliminarUma vez mais parabéns pelo tema, concordo contigo a 100 %.
Penso que a tua visão de um aproveitamento de um calendário já conhecido dos referidos ginastas nos moldes que propões é coerente e exequível. assim o statos quo não é mudado repentinamente, sendo assim mais facilmente aceite pelo poder decisório.
Em suma concordo com:
# os Estágios
# as provas
Contudo falas concretamente na minha perspectiva de um escalão, numa disciplina, "sui generis",cuja a base de recrutamento é sem duvida mais alargada, diria eu desenquadrada da nossa realidade, contudo como tu bem descreveste é de "fácil" resolução, haja (não vontade) mas sim coragem, para pôr em prática algumas das ideias aqui propostas.
Mas eu concordo com o Hélder, agora o Andrade, que talvez não chegue.
De forma a haver uma "carreira" sustentada e "duradoura", esta não se faz nesse escalão mas sim antes.
Os treinadores que formam e "formatam" o pensamento e a forma de um ginasta encarar esta sua "carreira", são parte integrante, são seres humanos, com formatos, experiências e estágios de evolução também eles diferentes, assim qualquer plano de profunda alteração à dinâmica da formação em portugal tem de passar por dotar os treinadores dos ginastas em questão de possibilidade de progredir na sua evolução, sentido-se eles apoiados e estimulados pela tutela, penso que chega de ouvirmos, "bom trabalho" e que gostaríamos de ouvir "vamos fazer isto juntos".
Agora concretizando, no seguimento de uma ideia que adquiri já faz alguns anos ao assistir ao documentário sobre o "o Rancho" dos Károlyi, treinadores da Nádia Comaneci que revolucionaram a ginástica artística nos EUA. O treinador pessoal é fundamental e faz sempre parte do processo. Envolvendo os treinadores no projecto nacional, isto é, eles fazem parte do projecto, sendo através deles que o caminho se constrói, torna possível o agilizar de qualquer proposta de funcionamento de selecções ou recrutamentos e estágios, as coisas já vão sendo feitas por quem quer fazer, mas se houver um rumo, um apoio, as coisas acontecem.
Penso que acompanhar e definir o caminho reconhecendo e apoiando verdadeiramente quem quer ter sucesso é possível, num molde adaptado à nossa realidade de um sistema semi-centralizado podíamos ter esperança e virmos a ter a escola de trampolins que falas.
Penso que temos de ter a adesão de todos, pelo menos a maioria dos nossos pares, se não conseguirmos remar todos juntos, como iremos ter quem decide a remar connosco.
Deixo-vos o Link
https://www.youtube.com/watch?v=Vd70wzP4Asg
Abraço e bom trabalho
Caro Rui:
EliminarAgradeço, desde já, a tua participação nesta "conversa".
Permite-me um pequeno reparo. Como dizes, falo concretamente de um escalão e mais especificamente de uma disciplina, o que não quer dizer que a minha preocupação não se estenda aos outros escalões e disciplinas. Aliás, como podes ler no meu texto, a dada altura refiro exatamente o seguinte: "Estas ou outras ideias podem ser também aplicadas aos escalões mais jovens, mas esse tema deixarei para outro momento".
Como deves entender, falar das especificidades de todos os escalões e disciplinas num mesmo post, seria pouco prático, uma vez que entendo que as disciplinas (TRI e DMT) no nosso contexto, têm de ser encaradas sob perspectivas diferentes. O mesmo acontece com os escalões. Não consigo olhar para os 9 -13/14 anos da mesma forma que olho para os 17-21 anos (onde o grosso da formação já foi feito).
Envolver os treinadores que formam os ginastas no seu acompanhamento ao nível das seleções, é sempre desejável, embora não seja sempre possível. Consegue fazer-se isso nos CMGI, mas não se consegue nos CE ou CM ou TM. Já envolver os treinadores em estágios/ encontros/ palestras técnicas/ discussão de planeamentos anuais e plurianuais (no caso dos elites) / avaliação do processo de treino e do caminho que está a ser seguido, parece-me muito bem. 500% a favor, mas para isso é preciso que esses mesmos treinadores aceitem as opiniões que lhes forem dadas e as críticas (sempre construtivas) que lhes possam ser feitas e que aceitem partilhar com quem de direito (estrutura técnica federativa) o planeamento que têm para os seus ginastas e a forma como perspectivam a sua evolução. Assim estaremos a falar de uma realidade diferente, que me agrada, mas que não será fácil de implementar.
Quanto ao rancho dos Károlyi !! Sabes bem que qualquer tentativa de comparar/equiparar a nossa realidade com a realidade da ginástica artística feminina nos Estados Unidos (maior potência mundial da GAF) é um "bom bocado" mais utópico do que comparar os trampolins em Portugal com os trampolins nos centros de alto rendimento da Rússia ou da China ou da Bielorrússia. Estamos demasiado longe para acharmos que conseguimos replicar essa realidade sem queimarmos primeiro uma infinidade de etapas antes de lá chegarmos (na nossa linguagem, seria como ensinar um half in half ou triffis a um gajo que ainda não aprendeu a 1/2 piquet - mais tarde ou mais cedo, a gravidade vai lembrá-lo que existe).
Acho que acertas no ponto quando referes que é necessário apoiar quem trabalha de forma sustentada (nas tuas palavras, "quem quer ter sucesso"). Ainda recentemente, como sabes, me debrucei sobre esse tema propondo a criação de um Estatuto de Clubes Formadores, que pudessem ser apoiados de forma diferenciada.
É sempre preciso alguém dar o primeiro passo e às vezes o primeiro passo é uma provocação à comunidade. Obrigado pelas tuas "provocações".
Bem hajas...
aquele abraço
Helder Silva