Caros amigos:
Nesta fase inicial de mais uma época desportiva e numa altura em que alguns de nós estamos preocupados e envolvidos com a preparação da participação no Campeonato do Mundo e na CMGI, há outro assunto que me ocupa o raciocínio (ou o que resta dele).
Trabalho na província, neste caso, na Lezíria Ribatejana e como muitos de vós, tenho a infelicidade de não ter universidades à porta de casa ou sequer nos arredores. Enfim, virtudes de uma descentralização que nunca existiu! Mas isto, coloca-nos um problema grande, que tarda em ser resolvido, ou pelo menos atenuado.
Os ginastas, aqueles que nós recebemos nos clubes, por vezes com 4 ou 5 anos, crescem e se tudo correr bem, se for essa a sua opção, a dada altura entram nas universidades que se localizam, claro está, nos grandes centros. E aí, caros amigos, desculpem-me se não concordam comigo, mas sou da opinião que os ginastas têm mais é que procurar soluções que lhes permitam continuar as suas carreiras desportivas. Uns com mais ambição, outros com menos, mas todos com o direito natural de continuarem a praticar a modalidade que escolheram.
Se isso implica desvincularem-se dos clubes que os formaram, para se ligarem a clubes que estão dispostos a recebê-los já formados, pois que assim seja. Se há clubes que estão dispostos a recebê-los e a treiná-los permitindo, ainda assim, que representem os seus clubes de origem, é porque demonstram um nível de amizade e de fair-play deveras elevado.
Percebo que, por vezes, ainda que os treinadores dos "clubes recetores" tenham a maior boa vontade do mundo, são as próprias estruturas diretivas desses clubes que exigem (e têm o direito de o fazer) que os ginastas representem as suas cores, uma vez que treinam nos seus espaços e com os treinadores por elas pagos.
Os clubes têm naturalmente que cuidar da sua casa. Não vale a pena passarmos a vida a lamentar-mo-nos da "sorte" que têm de estarem localizados nos grandes centros.
Esta é a realidade. É um facto.
Pessoalmente, nunca procurei dissuadir um ginasta de se vincular a outro clube, porque foi para a universidade ou porque foi trabalhar para outro lugar e teve que abandonar o nosso grupo de trabalho. Pelo contrário, vi-me mais do que uma vez na posição de ajudar a decidir e a escolher qual o clube que deveriam procurar, consoante as suas características pessoais e objetivos desportivos.
Acredito que é assim que deve ser. Não somos proprietários dos ginastas, mas temos, por vezes, a responsabilidade inerente ao facto de sermos alguém em quem eles confiam e com quem eles contam para os ajudar a continuarem a sua jornada.
Dito isto e reiterando que esta é a minha opinião pessoal, tenho também que partilhar convosco aquilo que eu acho que poderia ser uma solução para estas situações, para que os clubes que formam estes ginastas não fiquem "descalços", depois de tanto trabalho e de tanto investimento (pessoal e financeiro).
Percebeu-se que o "Regulamento de Transferências" que existiu durante algum tempo, não serviu absolutamente para nada. Nem sei se alguém acreditou verdadeiramente que "aquilo" poderia funcionar em Portugal, numa modalidade amadora e sem fundos.
Ocorrem-me duas possíveis soluções, ambas exequíveis e que não são tão difíceis como por vezes se quer fazer parecer.
1 - Casa da Ginástica
A FGP tem, ou vai ter a casa da ginástica, em Lisboa. "Basta" que coloque lá um treinador nacional (por exemplo um PATAR) para que treine os ginastas de outros clubes que por via dos seus estudos ou vida profissional, precisem de um lugar de treino em Lisboa. Este treinador seria pago pela FGP e seria funcionário da FGP, com a missão de trabalhar em parceria com os clubes que enviassem ginastas para este centro. Penso que deveria, neste caso, ter um acesso limitado a ginastas elite.
Idealmente, deveria existir uma figura semelhante em Coimbra/ Sangalhos e outra no Porto, que não sendo numa casa da ginástica, poderia funcionar num outro espaço, através de um acordo com um município ou com uma escola.
2 - Criação de um Estatuto de Clube Formador.
Um mecanismo que reconheça o mérito dos clubes que sistematicamente formam ginastas que integram os escalões de elite e as equipas nacionais e que aos 18 anos (mais coisa menos coisa) têm que se ir embora. Este estatuto permitiria um acesso privilegiado a equipamentos provenientes de fundos de apetrechamento, um apoio económico suplementar ou até, eventualmente, descontos significativos nas filiações ou taxas de inscrição em provas nacionais.
Apoios aos treinadores traduzidos em requisições ou ATEP's também seriam uma forma honesta e simpática de reconhecer a validade do trabalho desenvolvido.
Em suma, quero deixar claro que não tenho absolutamente nada contra os clubes que recebem os ginastas provenientes de outros clubes (desde que o façam de forma transparente e sem aliciamentos desnecessários e pouco saudáveis). Se têm boas condições de treino e conseguem oferecer apoios e um contexto favorável de treino, tanto melhor para os ginastas que os procuram.
Outros clubes fariam certamente o mesmo.
Para esta nova época, desejo a todos os clubes, treinadores e a todos os ginastas que se transferiram, os maiores sucessos desportivos e pessoais.
Aqueles que por via das inevitabilidades viram partir os seus melhores ginastas, não desanimem e sintam-se orgulhosos do trabalho que fizeram com eles. Eles sabem....
Enquanto esperam por uma solução nacional, tenho a certeza que continuarão a formar ginastas e seres humanos de excelência.
Bem hajam amigos;
Aquele abraço
Helder Silva
Nesta fase inicial de mais uma época desportiva e numa altura em que alguns de nós estamos preocupados e envolvidos com a preparação da participação no Campeonato do Mundo e na CMGI, há outro assunto que me ocupa o raciocínio (ou o que resta dele).
Trabalho na província, neste caso, na Lezíria Ribatejana e como muitos de vós, tenho a infelicidade de não ter universidades à porta de casa ou sequer nos arredores. Enfim, virtudes de uma descentralização que nunca existiu! Mas isto, coloca-nos um problema grande, que tarda em ser resolvido, ou pelo menos atenuado.
Os ginastas, aqueles que nós recebemos nos clubes, por vezes com 4 ou 5 anos, crescem e se tudo correr bem, se for essa a sua opção, a dada altura entram nas universidades que se localizam, claro está, nos grandes centros. E aí, caros amigos, desculpem-me se não concordam comigo, mas sou da opinião que os ginastas têm mais é que procurar soluções que lhes permitam continuar as suas carreiras desportivas. Uns com mais ambição, outros com menos, mas todos com o direito natural de continuarem a praticar a modalidade que escolheram.
Se isso implica desvincularem-se dos clubes que os formaram, para se ligarem a clubes que estão dispostos a recebê-los já formados, pois que assim seja. Se há clubes que estão dispostos a recebê-los e a treiná-los permitindo, ainda assim, que representem os seus clubes de origem, é porque demonstram um nível de amizade e de fair-play deveras elevado.
Percebo que, por vezes, ainda que os treinadores dos "clubes recetores" tenham a maior boa vontade do mundo, são as próprias estruturas diretivas desses clubes que exigem (e têm o direito de o fazer) que os ginastas representem as suas cores, uma vez que treinam nos seus espaços e com os treinadores por elas pagos.
Os clubes têm naturalmente que cuidar da sua casa. Não vale a pena passarmos a vida a lamentar-mo-nos da "sorte" que têm de estarem localizados nos grandes centros.
Esta é a realidade. É um facto.
Pessoalmente, nunca procurei dissuadir um ginasta de se vincular a outro clube, porque foi para a universidade ou porque foi trabalhar para outro lugar e teve que abandonar o nosso grupo de trabalho. Pelo contrário, vi-me mais do que uma vez na posição de ajudar a decidir e a escolher qual o clube que deveriam procurar, consoante as suas características pessoais e objetivos desportivos.
Acredito que é assim que deve ser. Não somos proprietários dos ginastas, mas temos, por vezes, a responsabilidade inerente ao facto de sermos alguém em quem eles confiam e com quem eles contam para os ajudar a continuarem a sua jornada.
Dito isto e reiterando que esta é a minha opinião pessoal, tenho também que partilhar convosco aquilo que eu acho que poderia ser uma solução para estas situações, para que os clubes que formam estes ginastas não fiquem "descalços", depois de tanto trabalho e de tanto investimento (pessoal e financeiro).
Percebeu-se que o "Regulamento de Transferências" que existiu durante algum tempo, não serviu absolutamente para nada. Nem sei se alguém acreditou verdadeiramente que "aquilo" poderia funcionar em Portugal, numa modalidade amadora e sem fundos.
Ocorrem-me duas possíveis soluções, ambas exequíveis e que não são tão difíceis como por vezes se quer fazer parecer.
1 - Casa da Ginástica
A FGP tem, ou vai ter a casa da ginástica, em Lisboa. "Basta" que coloque lá um treinador nacional (por exemplo um PATAR) para que treine os ginastas de outros clubes que por via dos seus estudos ou vida profissional, precisem de um lugar de treino em Lisboa. Este treinador seria pago pela FGP e seria funcionário da FGP, com a missão de trabalhar em parceria com os clubes que enviassem ginastas para este centro. Penso que deveria, neste caso, ter um acesso limitado a ginastas elite.
Idealmente, deveria existir uma figura semelhante em Coimbra/ Sangalhos e outra no Porto, que não sendo numa casa da ginástica, poderia funcionar num outro espaço, através de um acordo com um município ou com uma escola.
2 - Criação de um Estatuto de Clube Formador.
Um mecanismo que reconheça o mérito dos clubes que sistematicamente formam ginastas que integram os escalões de elite e as equipas nacionais e que aos 18 anos (mais coisa menos coisa) têm que se ir embora. Este estatuto permitiria um acesso privilegiado a equipamentos provenientes de fundos de apetrechamento, um apoio económico suplementar ou até, eventualmente, descontos significativos nas filiações ou taxas de inscrição em provas nacionais.
Apoios aos treinadores traduzidos em requisições ou ATEP's também seriam uma forma honesta e simpática de reconhecer a validade do trabalho desenvolvido.
Em suma, quero deixar claro que não tenho absolutamente nada contra os clubes que recebem os ginastas provenientes de outros clubes (desde que o façam de forma transparente e sem aliciamentos desnecessários e pouco saudáveis). Se têm boas condições de treino e conseguem oferecer apoios e um contexto favorável de treino, tanto melhor para os ginastas que os procuram.
Outros clubes fariam certamente o mesmo.
Para esta nova época, desejo a todos os clubes, treinadores e a todos os ginastas que se transferiram, os maiores sucessos desportivos e pessoais.
Aqueles que por via das inevitabilidades viram partir os seus melhores ginastas, não desanimem e sintam-se orgulhosos do trabalho que fizeram com eles. Eles sabem....
Enquanto esperam por uma solução nacional, tenho a certeza que continuarão a formar ginastas e seres humanos de excelência.
Bem hajam amigos;
Aquele abraço
Helder Silva
Obrigado Hélder, finalmente este assunto. Confesso que estava a guardar este testemunho.
ResponderEliminarNão vou comentar as mudanças, porque teria que falar em temas como Educação, Valores e Ética desportiva mas é unânime que o regulamento de transferências não protege nenhum clube formador, nem nenhum "mercenário" dos trampolins.
Quero apenas anunciar sobre assunto que se depender de mim, o Grupo Sportivo de Carcavelos quer contribuir de forma solidária na modalidade. Por isso qualquer ginasta, clube ou treinador que intenda apostar nesta casa para ajudar no seu processo de carreira, resperesentará o seu clube de origem. Apenas pedimos um contributo para o clube onde esse trabalho será realizado por quem está no ativo todos os dias no treino.
Garantimos que para breve as condições de treino serão ainda melhores do que as atuais e por isso damos este contributo no sentido de ajudar o próximo. Também porque o clube já se encontra numa zona universitária e perto de outras zonas idênticas.
Contudo, aceito qualquer escolha que os agentes tomam quando acontece a situação académica, apenas queria partilhar a nossa ideia que penso não ser do conhecimento de muitas pessoas.
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EliminarViva Hélder Silva e comunidade gímnica.
EliminarMais um momento de reflexão!
Gosto de participar e dar a minha opinião pessoal, de preferência sempre polémica para estimular as opiniões de outros.
Em relação a este tema gostaria de fazer duas considerações:
1ª O Lisboa Ginásio Clube (meu clube), tem acolhido diversos ginastas, aliás todos os que nos aparecem, ao longo dos últimos 20 anos. As razões são variadas. Uns, porque procuram melhores condições, outros porque vão estudar em Lisboa / Universidade e outros porque procuram novos estímulos. Não temos recusado ninguém, independentemente das suas características ou capacidades técnicas. Ao contrário de outros clubes que aconselham, recomendam ou sugerem a saída de “pessoas”, da sua formação, por não haver espaço ou qualidade para eles e depois acabam por receber outros ginastas de “valor” mais interessante. Temos mantido esta sanidade ética no nosso clube.
2ª É curiosa a tua preocupação, embora legitima. Mas, fico curioso e tenho de fazer duas perguntas indiscretas! O treinador Nacional, há largos anos, membro da Comissão técnica da FGP e teu colega de trabalho diário no clube em Salvaterra o que tem feito em relação a esta preocupação? Certamente, falam destas preocupações?
Por outro lado, o Vice-Presidente da FGP, nos últimos anos, membro da Direção Técnica da FGP, simpatizante, apoiante e um defensor das questões relacionadas com o Distrito de Santarém, um Homem dos Trampolins, tem conseguido transmitir esta preocupação aos outros membros da Direção Técnica da FGP?
No meu papel de Delegado na Assembleia da FGP, registei a tua preocupação e terei a oportunidade para expor esta inquietação assim que tenha oportunidade, que é de todos e legitima.
Grande abraço
olá Carlos. agradeço desde já a tua participação. Certamente ao leres o meu post pudeste observar que faço questão de referir que esta é a minha opinião pessoal e como tal, eu e só eu estou vinculado a ela. Quanto às opiniões do treinador nacional e ao trabalho dele, deves perguntar ao próprio. Sugiro que faças o mesmo em relação ao Vice-presidente da FGP. Certamente eles poderão elucidar-te melhor do que eu. Da minha parte posso apenas dizer-te que não criei este espaço para falar em nome de ninguém. Todos são convidados a participar em saudáveis discussões em prol dos trampolins. O meu post espelha uma preocupação, não pretende apontar o dedo a ninguém. Penso que o texto deixa isso bem claro. aquele abraço. Helder
ResponderEliminarOlá Hélder Silva.
EliminarCompreendi, perfeitamente. É a tua opinião pessoal e a mesma de muitos outros agentes desportivos. No entanto, parece haver um equívoco na leitura do meu post. Não tenho intenção de apontar o dedo a “pessoas” e por isso não fazer referência a nomes próprios, apenas a cargos. De resto, como sabes, pessoas que tenho estima e consideração. Isto não invalida eu sublinhar os agentes desportivos que tem os instrumentos e ferramentas para mudar algo! A saber: a Comissão Técnica pode aconselhar e a Direção Técnica pode decidir ou até considerar as opiniões da Comissão Técnica. Certo? Eu, tu e a maioria dos treinadores podem bracejar, estrebuchar, saltar, gritar... Continuação de bom trabalho. Abraço
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ResponderEliminarNÃO SEI PORQUÊ O NOME DO AUTOR VINHA ERRADO POR ISSO REMOVI O TEXTO. POSTEI CORRECTAMENTE COM O MEU NOME EM BAIXO
EliminarBom Dia como dirigente já abordei este assunto com várias pessoas da FGP, onde sugeri que na eventualidade de os/as ginastas chegarem a um patamar elevado ( selecções nacionais de absolutos/ projecto olímpico ) os clubes formadores deveriam ser compensados com apoios a nível de material de competição em vez de monetário, no entanto nunca obtive nenhuma resposta. Acho que a ida dos nossos ginastas da província para centros urbanos é um ciclo que continuará e sorte dos clubes que estão nesses centros que receberão acho eu os nossos miúdos da melhor forma possível para que possa continuar a fazer o que gostam, tanto os dirigentes, pais e treinadores tentarão procurar a melhor opção mas nunca se esqueçam que a última palavra é dos ginastas. Quanto à ideia da casa da ginástica no remo existem 5 centros de alto rendimento uma aposta ganha na ginástica que eu saiba ....... ( só para alguns) e não concordo em haver 3 ( Lisboa, Coimbra/Sangalhos e Porto ) e a região sul fica mais uma vez esquecida ? uma questão a ponderar, será que o Algarve tem dado assim tão pouco à ginástica, será que vale a pena o esforço. Neste momento temos Santo Estevão, o centro de Sangalhos , pelos vistos raramente está disponível e é pago haverá um dia a casa da ginástica mas enfim é o que temos....desculpem o desabafo um dia as coisas melhorarão mas talvez ai já perdemos completamente o comboio...vejam o caso dos espanhóis, podem não obter resultados mas já estão a preparar o mundial, etc tec
ResponderEliminarcumprimentos,
luis Martins
.... abordar este assunto é como verificar a metamorfose ou mimetismo de um animal em vias de sofrer um ataque que pode colocar em risco a sua existência enquanto ser vivo!
ResponderEliminarSe imaginarmos um polvo sem tentáculos poderemos assumir que algo errado se passou aquando do seu nascimento, temos assim uma aberração da natureza!
A FGP é responsável por esta e todas as outras aberrações!...
Isto de não dar a uns para depois não dar a outros, têm os seus custos.
Fazendo uma simples análise às equipas nacionais nos últimos anos, verificamos uma percentagem considerável de ginastas provenientes dos ditos clubes periféricos…com o risco de em alguns escalões não conseguirmos equipas ou ginastas com séries para finais.
Quando esta generosidade do sonho e resiliência dos treinadores que ainda resistem ao poderio económico das classes de ginástica geral time Gym etc., terminar; temos de certeza menos qualidade porque o dito” polvo” não perdeu somente os tentáculos já perdeu a cabeça…maior será a aberração….
Viva os clubes periféricos que com todos os defeitos colocam mais de 30% dos ginastas de Elite a estudar e treinar nos grandes centros urbano/universitários.
Estamos todos com a cabeça “inchada”!....
Um simples treinador!
João Grulha