Avançar para o conteúdo principal

F1 versus F2 !!!

Porque é que a F1 é para fazer com execução e a F2 é para tentar levar até ao fim??

Talvez a observação contida nesta frase seja um pouco exagerada, mas a verdade não anda muito longe disto. Ainda hoje, está muito presente, tanto nos nossos ginastas como em muitos treinadores, a ideia de que a F1 é uma série certa, segura e que se pretende fazer com a melhor execução possível, ao passo que a F2 e eventualmente a F3 são séries de risco, onde se joga tudo (uma espécie de lotaria)  tentando que a coisa resulte e que a série vá até ao fim, para resultar numa nota que na maior parte das vezes não se vai atingir.

Tenho estado em contacto com alguns treinadores e clubes ingleses, num campo de treinos no Algarve, que fazem coisas boas e coisas menos boas, tal como nós, mas há uma diferença que salta à vista. O número de vezes que repetem cada elemento e cada ligação quer da F1 quer da F2 (já para não falar do número de vezes que repetem as progressões quando estão a trabalhar um elemento novo) é muito superior aquilo que nós normalmente fazemos. A consistência que conseguem numa F2 não é muito diferente daquela que apresentam na F1 e como tal a sua confiança em cima do trampolim é muito diferente daquela a que estamos habituados.
Claro que falo de clubes que vêm apresentando um trabalho estável e de muita qualidade há muitos anos a esta parte.

As suas notas de dificuldade não são muito elevadas mas a execução associada às dificuldades apresentadas é muito interessante e resulta em notas finais bastante apreciáveis (logo nos escalões mais baixos).
Mas o objetivo deste post não é estabelecer uma comparação com o resto do mundo, mas antes olhar para dentro e perceber como é que se pode fazer evoluir positivamente esta mentalidade e esta cultura  de que "faço a F1 sem problemas e depois vou tentar não falhar a F2".

O que é que poderemos estar a fazer de errado?
Será uma questão de organização do treino? Gastamos o mesmo tempo com a F1 e com a F2, apesar de a F2 ter um valor de dificuldade muito diferente? Será porque optamos quase sempre por trabalhar a F1 no início do treino, enquanto os ginastas estão frescos e depois vamos trabalhar a F2 na fase do treino em que uma parte importante da energia disponível já foi gasta e em que a fadiga já tem um papel importante no resultado de cada passagem? Será porque todos os dias trabalhamos a F1 que por vezes é a mesma há 2 ou 3 ou 4 anos (no caso dos elites) e a F2 muda todos os anos (enquanto não são seniores) e por vezes mais do que uma vez em cada ano acabando por não ter o tempo de rodagem de que precisa?

O que é que acham amigos?
Têm a mesma preocupação que eu, ou acham que este é um "não problema"?

Bem hajam
Boas férias
Aquele Abraço
Helder Silva

Comentários

  1. Eu concordo com o método dos ingleses. Dar importância à dificuldade mas sempre com primazia na execução

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

Duplo Atrás Engrupado - (8 - - o) - Double Back Tuck

 Caros companheiros: Hoje, partilho convosco uma abordagem diferente ao ensino do duplo mortal atrás engrupado. Gosto especialmente deste método, porque:     1- Permite-me ter controlo sobre todas as fases do salto;     2 -  Permite-me ter sempre as mãos em contacto com o ginasta, aumentando assim a segurança deste;     3 - Aumenta a sensação de segurança/ confiança do ginasta, sobretudo em fases iniciais de aprendizagem;     4 - Não permite que o ginasta inicie a rotação pelas costas, como acontece muitas vezes, quando o saco é trabalhado a partir da posição de pé. Experimentem e sintam-se à  vontade para comentar... Aquele Abraço "Dear Friends: Today, I share with you a different approach to teaching the double back tuck. I really like this method, because:      1- It allows me to have control over all phases of the skill;      2 - Allows me to always have my hands in contact with the gymnast, th...

Olhando para o Duplo-mini-trampolim

Caros amigos: O assunto sobre o qual me vou debruçar desta vez, tem a ver especificamente com o duplo-mini-trampolim. O que fazer quando os nossos ginastas atingem um ponto de estagnação. Ou seja, que soluções temos quando os nossos ginastas apresentam limitações relativamente ao aumento das notas de dificuldade? Pegando especificamente no caso dos ginastas que já fazem dois múltiplos por série, mas não estão a conseguir avançar para além dos 8 -1o ou < e dos 8 --o ou <, o que é que se pode fazer para que estes jovens subam as suas notas de dificuldade. Não vos vou apresentar uma solução, mas deixo uma ou outra sugestão, para romper um pouco com os hábitos que fomos desenvolvendo. Após os duplos atrás, a sequência lógica, na minha opinião, passaria pelos HiHo's, mas para isso é preciso (na minha opinião) dominar a 1/2 piquet, que como sabemos é um salto que não se apresenta simples para grande parte dos ginastas. Existem outras possibilidades com o mesmo valor de difi...

KABOOOOMMM.....

 Bom dia companheiros: Após um interregno de alguns meses, volto à conversa convosco, com um tema que me parece interessante e que acho que pode ser útil para todos nós como ferramenta de treino. Refiro-me, como já devem ter percebido pelo título deste post, à utilização dos " Kaboom " como ferramenta de aprendizagem para os nossos jovens, quer para a construção de educativos, quer para a construção de progressões técnicas quer para a aquisição de elementos técnicos completos. Tanto quanto tenho vindo a apurar, este recurso tem sido utilizado de uma forma muito pouco disseminada em Portugal, mas penso que podemos olhar para esta ferramenta com outros olhos e reconhecer facilmente as suas virtudes e a sua utilidade. É extremamente útil para corrigir alguns erros (posição da cabeça, timming dos braços...), permite uma manipulação mais fácil e mais segura por parte do treinador e transmite uma importante sensação de segurança aos ginastas de tenra idade que faz com que abordem e...