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A Propósito dos Infantis

Caros amigos:

Hoje, opto por uma publicação um pouco diferente das anteriores. mais em jeito de análise/observação e comentário.
Tal como o título indica, falarei dos infantis, mas também dos mais novos, os benjamins.

Realizou-se  este fim de semana, em Salvaterra de Magos, o Encontro Nacional de Infantis e Benjamins "Sementes de Excelência, Vidalgym Magos Cup". Foi uma prova fantástica, com uma excelente participação, quer de Infantis, quer de Benjamins, com material à altura (o mesmo que equipa as provas nacionais sob a responsabilidade da FGP), com uma organização adequada e com um retorno desportivo que acredito que possa ser significativo.
Fiquei apenas com pena que esta prova não pudesse ter o nome que merecia - Campeonato Nacional de Infantis.

Em termos de participação, vamos a números:
82 Infantis femininos em TRI
29 Infantis Masculinos em TRI
46 Infantis Femininas em DMT
24 Infantis Masculinos em DMT
4 Infantis Masculinos em TUM
31 Infantis Femininas em TUM
4 Pares em Infantis Masculinos TRS
22 Pares em Infantis Femininos TRS
26 Benjamins de 5/6 anos
45 Benjamins de 7 anos
48 benjamins de 8 anos

Parecem-me números muito simpáticos para uma competição que andou "perdida" e que agora começa a querer voltar a assumir a importância que merece.
O facto de esta não ser uma prova do calendário oficial da FGP, associado à forma triste como os infantis vêm sendo tratados nos últimos anos e com a agravamento de a recente alteração dos escalões etários que limitam o escalão de infantis a apenas um ano ( confesso que ainda não consegui perceber a intenção de tal medida, que na minha opinião apenas serve para esvaziar o escalão que deveria ser tratado como prioridade máxima para um desenvolvimento sustentável em quantidade e qualidade de ginastas para os próximos anos), limita muito a participação dos clubes. Ainda assim, há clubes que resistem e que fazem questão de olhar para este escalão com boa vontade e reconhecendo-lhe as virtudes que no fundo todos sabemos que tem.
Estes números poderiam e deveriam ser maiores, mas para que tal aconteça é necessário que nós, treinadores e clubes trabalhemos nesse sentido e mostremos que sem investimento (não necessariamente económico) nos benjamins e infantis, continuaremos a perder qualidade nos juvenis, juniores, seniores e elites. Continuaremos a ficar cada vez mais na cauda do pelotão internacional e a ver países que estavam bastante atrasados em relação a nós, a passarem por nós a uma velocidade que  nos deixará com poucas hipóteses de os acompanharmos.

Na época passada, no apuramento para a CMGI percebemos que no escalão 13/14 anos, não tínhamos ginastas com capacidade para atingirem as notas propostas para apuramento (salvo raríssimas exceções). Este ano, estamos a perceber que mais uma vez, não será fácil encher a quota neste escalão e também no escalão 15/16 anos. Não sei se será coincidência, mas façamos as contas e tentemos perceber em que ano é que estes ginastas nasceram e quantos deles não tiveram a possibilidade de participar num campeonato nacional de infantis. Perceba-se quantos deles "apanharam" a fase de desprezo pelo escalão de infantis. Perceba-se que idade têm agora os ginastas que foram privados do campeonato nacional de infantis nos últimos anos (desde que o mesmo foi extinto) e tirem-se daí as devidas conclusões. Perceba-se também a evolução que temos tido, ou não, em termos de ranking nos CMGI dos últimos anos, mas retirem-se as exceções para que o estudo seja o mais honesto e útil possível.

Por último, perceba-se também que a valorização dos ginastas infantis e benjamins terá que partir de nós treinadores e clubes.

Bem hajam todos por pensarem nestas questões.
Aquele abraço
Helder Silva

Comentários

  1. Muito bom Hélder. Parabéns pelo texto. Concordo na totalidade.
    Eu, estando na Região Autónoma da Madeira, nunca poderei participar no "Encontro Nacional" uma vez que o Governo Regional não apoia "Encontros" mas apenas Campeonatos Nacionais. Mais uma vez, os ginastas madeirenses mais novos são impedidos de participarem numa prova nacional apenas pela designação do nome da mesma.
    Proponho que faças chegar esta proposta ao próximo Plenário Técnico, de forma a que o Encontro Nacional se converta em Campeonato Nacional... afinal, os mais novos também são filiados e deverão ter o mesmo direito de poderem participar num campeonato nacional, como acontece na quase totalidade das modalidades.
    Forte abraço.
    GM

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  2. Amigo Gonçalo:
    Deixa-me desde já agradecer a tua participação neste blog.
    Acrescentas um dado que eu não conhecia. Não sabia que para que vocês pudessem ter apoio do governo regional, a designação da prova dos infantis era determinante. Se de facto é necessário que a prova se chame Campeonato Nacional em vez de Encontro Nacional para que possam ser apoiados, deveria existir esse cuidado por parte de quem tutela. Contudo, não antevejo que seja fácil voltar a ter um Campeonato Nacional de Infantis assim chamado, pelo menos num futuro próximo. Penso que os pressupostos e intenções que levaram ao fim do Campeonato Nacional de Infantis se mantêm, ainda que possamos discordar deles em absoluto.
    Termos a possibilidade de voltar a organizar uma prova nacional de infantis, com classificações individuais a sério, foi já um passo importante e uma conquista difícil, mas entendo também que devemos continuar a tentar sensibilizar a Federação para a importância de voltar a dar a esta prova a formalidade que ela merece.
    Há também outra questão que eu penso que poderá a trazer-nos dificuldades acrescidas e que tem a ver com a abolição do segundo ano de infantis. Um miúdo(a) de 9 anos está num estado de maturidade muito diferente de um miúdo de 12 anos. Com menos um ano para evoluir enquanto infantis, muitos dos nossos ginastas poderão acusar em demasia a transição prematura para o escalão de iniciados e, isso sim, poderá ser pedagogicamente muito errado.

    Aquele abraço;
    Helder Silva

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