Caros amigos:
O assunto sobre o qual me vou debruçar desta vez, tem a ver especificamente com o duplo-mini-trampolim.
O que fazer quando os nossos ginastas atingem um ponto de estagnação. Ou seja, que soluções temos quando os nossos ginastas apresentam limitações relativamente ao aumento das notas de dificuldade?
Pegando especificamente no caso dos ginastas que já fazem dois múltiplos por série, mas não estão a conseguir avançar para além dos 8 -1o ou < e dos 8 --o ou <, o que é que se pode fazer para que estes jovens subam as suas notas de dificuldade.
Não vos vou apresentar uma solução, mas deixo uma ou outra sugestão, para romper um pouco com os hábitos que fomos desenvolvendo.
Após os duplos atrás, a sequência lógica, na minha opinião, passaria pelos HiHo's, mas para isso é preciso (na minha opinião) dominar a 1/2 piquet, que como sabemos é um salto que não se apresenta simples para grande parte dos ginastas. Existem outras possibilidades com o mesmo valor de dificuldade, nomeadamente os Back in Full out's ou os Full in Back out's, que podem ser de mais fácil aprendizagem e assumir-se como uma boa alternativa aos HiHo's.
Um Back in Full out ou Full in Back out na posição empranchada vale o mesmo que um Full in Full Out engrupado (3.6). Sei que não são saltos muito usuais entre os portugueses (nos quais me incluo), mas sinceramente, pensando de forma racional no assunto, não consigo perceber o porquê da não utilização destes elementos, que ainda por cima, se forem empranchados, podem beneficiar também a nota de execução (não há fechos nem abertura para descontar - é "só" rodar esticadinho - eh eh).
Pessoalmente, prefiro a mecânica do Back in Full out e considero que tem um trabalho preparatório mais fácil, para além de permitir uma entrada mais limpa. Vou centrar-me neste.
E como trabalhar estes saltos?
Que progressões utilizar?
Mais uma vez, aquilo que vos apresento são meras sugestões e não pretendem ser regras ou verdades absolutas. Pelo contrário, agradeço que me apresentem críticas e alternativas que tornem também as minhas ideias mais alargadas.
Educativos que podem ajudar:
Ventral + plat-dos
ventral + 1 pirueta para plat-dos (2/4 rotação atrás)
3/4 para ventral + 1/2 para ventral (2/4 rotação atrás)
3/4 para ventral + 1/2 para piquet (4/4 rotação atrás)
Full Cody (5/4 rotação atrás)
Vamos então à construção do BiFo A:
1 - Back A para plat-dos
2 - Back A com 1/2 pirueta para ventral (meia pirueta com controlo visual da lona e da lateral do trampolim do lado da pirueta)
3 - Back A com 1/2 pirueta a passar para 1 3/4 (7/4 de mortal com chegada em plat-dos)
4 - Back in Full out
Nota: as execuções destes educativos e elementos preparatórios não foram treinadas como se pretende. Foi pedido aos ginastas que aparecem nos vídeos que fizessem, sem preparação previa, para que tal fosse gravado e para que se possa ter uma perceção daquilo que compõe o salto em si. Para que o salto fosse utilizado em competição, todas as fases apresentadas seriam alvo de aperfeiçoamentos significativos e de várias correções técnicas para que o produto final a apresentar fosse otimizado.
Bem hajam e até à próxima;
Aquele Abraço
Helder Silva
O assunto sobre o qual me vou debruçar desta vez, tem a ver especificamente com o duplo-mini-trampolim.
O que fazer quando os nossos ginastas atingem um ponto de estagnação. Ou seja, que soluções temos quando os nossos ginastas apresentam limitações relativamente ao aumento das notas de dificuldade?
Pegando especificamente no caso dos ginastas que já fazem dois múltiplos por série, mas não estão a conseguir avançar para além dos 8 -1o ou < e dos 8 --o ou <, o que é que se pode fazer para que estes jovens subam as suas notas de dificuldade.
Não vos vou apresentar uma solução, mas deixo uma ou outra sugestão, para romper um pouco com os hábitos que fomos desenvolvendo.
Após os duplos atrás, a sequência lógica, na minha opinião, passaria pelos HiHo's, mas para isso é preciso (na minha opinião) dominar a 1/2 piquet, que como sabemos é um salto que não se apresenta simples para grande parte dos ginastas. Existem outras possibilidades com o mesmo valor de dificuldade, nomeadamente os Back in Full out's ou os Full in Back out's, que podem ser de mais fácil aprendizagem e assumir-se como uma boa alternativa aos HiHo's.
Um Back in Full out ou Full in Back out na posição empranchada vale o mesmo que um Full in Full Out engrupado (3.6). Sei que não são saltos muito usuais entre os portugueses (nos quais me incluo), mas sinceramente, pensando de forma racional no assunto, não consigo perceber o porquê da não utilização destes elementos, que ainda por cima, se forem empranchados, podem beneficiar também a nota de execução (não há fechos nem abertura para descontar - é "só" rodar esticadinho - eh eh).
Pessoalmente, prefiro a mecânica do Back in Full out e considero que tem um trabalho preparatório mais fácil, para além de permitir uma entrada mais limpa. Vou centrar-me neste.
E como trabalhar estes saltos?
Que progressões utilizar?
Mais uma vez, aquilo que vos apresento são meras sugestões e não pretendem ser regras ou verdades absolutas. Pelo contrário, agradeço que me apresentem críticas e alternativas que tornem também as minhas ideias mais alargadas.
Educativos que podem ajudar:
Ventral + plat-dos
ventral + 1 pirueta para plat-dos (2/4 rotação atrás)
3/4 para ventral + 1/2 para ventral (2/4 rotação atrás)
3/4 para ventral + 1/2 para piquet (4/4 rotação atrás)
Full Cody (5/4 rotação atrás)
Vamos então à construção do BiFo A:
1 - Back A para plat-dos
2 - Back A com 1/2 pirueta para ventral (meia pirueta com controlo visual da lona e da lateral do trampolim do lado da pirueta)
3 - Back A com 1/2 pirueta a passar para 1 3/4 (7/4 de mortal com chegada em plat-dos)
Agora devidamente treinado (obrigado Maria).
4 - Back in Full out
Nota: as execuções destes educativos e elementos preparatórios não foram treinadas como se pretende. Foi pedido aos ginastas que aparecem nos vídeos que fizessem, sem preparação previa, para que tal fosse gravado e para que se possa ter uma perceção daquilo que compõe o salto em si. Para que o salto fosse utilizado em competição, todas as fases apresentadas seriam alvo de aperfeiçoamentos significativos e de várias correções técnicas para que o produto final a apresentar fosse otimizado.
Bem hajam e até à próxima;
Aquele Abraço
Helder Silva
Boa tarde amigo Helder,
ResponderEliminarUma temática uma vez mais muito interessante, concordo inteiramente com o que descreves, aliás até a bem pouco tempo encontrei-me nessa mesma situação, ter uma ginasta com destacada facilidade de impulsão no DMT, contudo, impedida de ter séries mais competitivas pela sua evolução acrobática estar mais demorada seguindo os canones habituais.
Extrapolando um pouco a parte técnica, que apresentaste e bem, assumindo que é de fácil compreensão todas as progressões no seu geral, gostaria de dar ênfase ao titulo que escolheste. "Olhando para o Duplo-mini-trampolim"
A verdade é que assim como eu, outros treinadores, facilmente se encontram na encruzilhada, do formatado e dogmatismo do "habitual", podendo por vezes ser detentores técnicos, no que toca à solução, mas simplesmente não surge pois estamos formatados ao caminho certo, ao caminho seguro, ao caminho reconhecido como o de um "bom treinador", pois bem foi em conversa, perfeitamente informal, e de entreajuda que um colega (que por acaso foste tu) comentou comigo "e se seguisses o back in full out?" já que o 811 embora estivesse adquirido pela ginasta, necessita de mais tempo de treino e aperfeiçoamento que implicam não colocar em prova, o que faz com que 822 e outros saltos sequencialmente estipulados surgirem após o 811 estar bem adquirido, surjam ainda mais tarde.
Pois bem, esta pequena grande ajuda vem de algo sinceramente que penso que nos está a faltar, os encontros e entreajudas devem ser fomentadas pelos nosso treinadores nacionais, sub-consequentemente pela entidade que nos tutela, como tal a especialização de alguns ginastas para DMT, e a discussão saudável de treinadores sobre que caminho e estratégia podemos tomar nos vários casos, levaria que o "esquecimento" ou dogmatismo fosse abafado.
Em suma, aquilo que podia ser feito seriam encontros de treinadores, encontros práticos em que se abordassem temas técnicos de discussão livre onde poder-se-ia tirar ideias e aumentar o espólio dos treinadores, não se está certo ou errado, não numa perspectiva de faz-se assim ou assado, mas sim na perspectiva de "e se???"
Uma vez mais Helder obrigado pelas conversas e discussões, nem sempre concordantes, mas que sempre se pautam pelo respeito e partilha franca.
Abraço
Rui Branco
Caro Rui:
EliminarObrigado pela tua participação e pela disponibilidade para continuares a participar nestas discussões.
Há muito que defendo a realização de seminários técnicos para que possamos , presencialmente, estudar e debater temas concretos, técnicos e específicos da nossa modalidade. Já fiz essa sugestão a quem de direito, por isso, quem sabe um dia...
Até lá, vou "conversando" com a comunidade gímnica desta forma.
Abraço
Helder Silva
Parte 1
ResponderEliminarViva Hélder Silva, mais um assunto mais um tema.
Na verdade, tenho grande dificuldade em marcar uma posição em relação ao ensinamento das técnicas porque sou um pouco “instável” e à medida que os anos passam, altero, frequentemente, a minha opinião e metodologia. Assim, prefiro aproveitar esta oportunidade e dar uma visão mais conceptual sobre o tema. Para isso vou ali à “Lua”, sentar-me, e criar a minha dissertação... ...
Bom, “Cá de cima” (da lua) é perceptível que temos um problema de inércia ou estagnação no DMT, no TRI, no TRS, na ginástica de trampolins... para não ir mais longe. Agora, será importante perceber qual o problema e porquê! Certo?
No meu entender é um problema criado pelos professores do 1º ciclo. Vejamos, eles foram os grandes responsáveis pelos ensinamentos das principais matérias e conteúdos.
Principais carências:
(PORTUGUÊS)
Todas as épocas tenho oportunidade de ler o manual técnico da ginástica ou os cadernos das equipas nacionais e recordo-me, sempre, daquela frase – “ Um homem tinha um cão e o pai do homem era também a mãe do cão ”... ...!!!, ou seja, temos várias interpretações de acordo com a pontuação feita. Eu faço uma interpretação outro treinador fará a dele, tudo vai depender onde põe a virgula e o ponto final.
Ao mesmo tempo somos, sempre, surpreendidos por novidades, experimentações e ensaios que acabam por não ser positivas para a nossa modalidade.
(MATEMÁTICA)
Quando são lançados mínimos de ingresso, dificuldades mínimas ou nota final mínima para CMGI ou CM percebemos que não foram feitos testes de probabilidades tendo em consideração a nossa realidade. Foram feitos, sim, estudos intensivos, por quem decide (Direção Técnica) e por quem tem direito a opinião (Comissão Técnica), da realidade internacional... ...mas este assunto já lá vamos!
(HISTÓRIA ou ESTUDO DO MEIO)
Talvez o aspeto mais negligenciado pelos professores do 1º ciclo. Como sabem o objeto da história é perceber e compreender o passado para podermos projetar o futuro.
Aqui importa perceber em que fase de desenvolvimento nos encontramos presentemente!?
A ginástica de trampolins é relativamente recente em Portugal, comparativamente com a maioria dos outros países. Poderemos dizer que temos 40 anos de história.
Então como surgiu:
1º. Aparecimento dos trampolins em Portugal e participação em algumas competições internacionais. Foi um período de deslumbramento e absorção de tudo o que era técnicas (Francesa, Inglesa, Russa, etc)... ... eu aprendi rudy de 3 formas diferentes... eheheh;
2º. Período de crescimento interno e ambição de chegar aos adversários internacionais. Aqui começou a haver um olhar mais seletivo na escolha das melhores técnicas. Aparecimento dos 1ºs resultados no DMT;
3º. Momento de afirmação e criação de uma identidade própria. Já não há grandes segredos no ensinamento das técnicas, nas ajudas, nos feedbacks e alcançámos o 1º terço do topo internacional em TRI e TRS nos escalões absolutos e de volta e meia em escalões anteriores. Os treinadores são vistos com respeito pelos seus colegas estrangeiros;
Na minha opinião é este o patamar em que nos encontramos neste momento e temos dificuldade em sair dele. Embora, os nossos adversários internacionais já tenham avançado para outro patamar evolutivo. Há mais de 15 anos, desde que os trampolins são olímpicos que as grandes potencias fizeram opções. E nós o que fizemos? Nada, vivemos dos rendimentos e continuamos a ensinar saltos...
Parte 2
ResponderEliminarNo meu entender o caminho é:
4º. Programação a longo prazo, forte investimento nos escalões entre os 12-15 anos, melhoria das condições de prática e conjuntura envolvente e de suporte à prática desportiva (escolas, clubes, qualidade dos materiais e aparelhos, horários, tempo de prática, acompanhamento institucional).
Principal questão: Temos de perceber o que queremos e para onde queremos ir!?
- Depois, definir uma estratégia a longo prazo (>10 anos).
Uma coisa eu sei, não nos podemos comparar com os países que estão no 4º patamar, e analisar notas dos 20 ou 30 primeiros dos campeonatos do mundo (CMGI), esses já começaram o trabalho de casa há muito tempo. Não nos podemos esquecer estamos no 3º nível de desenvolvimento. Vejamos algumas notas mínimas estabelecidas para o CMGI 2019 na especialidade de DMT e os resultados alcançados, até ao momento:
Escalão
Fem. Campeã Nacional 1ª Div ou Elite
Melhor nota CMGI Mínimo exigido
FGP Cota de apuramento Quantos marcaram até ao momento
13-14 61,300
61,400 62,600 4 0
15-16 62,600
63,000 64,000 4 0
Meus caros, não chega pedir mínimos quantitativos e correr o risco de deixarmos muitos “miúdos” com qualidade suficiente fora da oportunidade de terem experiências internacionais de relevo. Temos uma realidade particular e não precisamos ter receio de assumir que precisamos mais tempo para fazer o que os outros conseguem no 4º patamar evolutivo. Não precisamos andar em “bicos os pés” e nos tentarmos comparar com o que não é comparável. Poderemos acelerar os tempos de consolidação nas fases sensíveis, mas isso pode implicar retrocessos futuros ou até mesmo lesões permanentes.
Seria interessante perceber o trajeto de alguns dos nossos craques e perceber como aconteceu, deixo dois nomes em duas especialidades diferentes. André Lico (DMT- duas vezes campeão do mundo em absolutos) e Diogo Abreu (TRI- Olímpico e 4º classificado no último campeonato do mundo)... ... foram assim tão brilhantes nas suas participações internacionais em CMGI?
Esta problemática não poderá ser vista só pelo lado do investimento, porque numa primeira fase os grandes patrocinadores e promotores do desenvolvimento em Portugal são as famílias e os clubes. No entanto, neste momento a principal razão parece ser a falta de visão estratégica e a tentativa de normalizar uma ginástica vulgar e enfraquecida.
Abraço
Olá Carlos:
ResponderEliminarAntes de mais, agradeço-te pela participação.
Daí de cima "da lua" apresentas-nos uma visão (a tua) que não vou comentar aqui se me parece mais ou menos acertada. É a tua visão e foi por ti bem explicada.
No entanto, apesar da pertinência da tua análise, esta afasta-se um pouco do tema a que a minha última publicação se refere.
Estou disponível para debater ideias relativamente aos sistemas de apuramento para CMGI ou CM ou CE, mas num espaço aberto especificamente para esse tema.
Se tiveres esse interesse, sugiro que lances o debate.
Obrigado, mais uma vez, por acompanhares este blog e por te mostrares disponível para participar.
Abraço
Helder Silva