Caros amigos:
Terminada mais uma Competição Mundial Mundial por Grupos de Idades (Rússia 2018) e aproveitando as memórias ainda frescas daquilo que me foi sendo possível observar quer no recinto de competição que nas zonas de treino e aquecimento, partilho convosco algumas impressões e/ou conclusões com que deixo este país.
As grandes referências mundiais da ginastica de trampolins, mantêm-se no topo. A Rússia continua a apresentar-se como a referência máxima em Duplo-mini-trampolim, completamente destacada do resto do mundo (falo em termos globais, tendo por base o número de presenças nas finais e o número de medalhas conquistadas), secundada pelos Estados Unidos. Um pouco mais atrás, aparecem a Grã-Bretanha, a Austrália, a Espanha e Portugal por perto.
Quanto ao Trampolim Individual, a conversa é outra. Bielorússia destacada no sector masculino (seguida do Japão e da Rússia) e Bielorússia e Rússia a partilharem o trono no sector feminino.
O nível técnico, quer dos jovens ginastas Bielorussos quer dos Russos e Japoneses está de facto altíssimo, sendo nítida a evolução de algumas técnicas ao longo dos últimos anos, mas este será um assunto para tratarmos mais tarde, quando já estivermos em solo Tuga.
A nossa claque voltou a portar-se à altura e os nossos ginastas souberam estar e representar com brio a nossa bandeira.
O grupo de treinadores (oficiais e não oficiais) colaborou sempre com a amizade que nos carateriza e esteve sempre ao dispor das necessidades dos nossos ginastas.
Percebeu-se bem, para quem teve acesso à zona de training e warm-up, que aqueles ginastas que nos fazem vibrar nas bancadas e nomeadamente os que representam os tais países que estão no topo da ginástica de trampolins, são evoluídos nas suas técnicas, mas também na forma disciplinada, séria e madura como abordam todos os pormenores das sua preparação. Os aquecimentos são mesmo para aquecer, com a preocupação de preparar muito bem o corpo para uma atividade que se quer muito intensa e que vai exigir do corpo um esforço elevadíssimo. Prestei alguma atenção à forma como Russos, Bielorussos e Japoneses aquecem e apesar de terem modelos diferentes (enquanto os Russos e Bielorussos aquecem autonomamente, os japoneses aquecem como equipa), todos passam cerca de 30 minutos devidamente empenhados e focados no seu aquecimento. A maturidade e a consciência da importância de um excelente aquecimento reveladas por estes jovens é notória e apreciável. Algo a reter.
Lembro-me que os japoneses presentes na final de trampolim masculino no escalão de 15/16 anos estiveram a aquecer no chão durante cerca de 40 minutos. Sem brincadeira, sem perder tempo e apenas a prepararem-se física e mentalmente para a tarefa que os aguardava.
A ginasta russa que venceu o escalão 15/16 feminino em trampolim individual começou o seu aquecimento no chão, 45 minutos antes de subir para o trampolim do warm-up. Sozinha, mas absolutamente focada. Já em Daytona e em Odense, eu tinha reparado no aquecimento exemplar desta jovem que é para mim um modelo de trabalho e postura enquanto ginasta.
Outra coisa que me marcou, foi a forma como muitos dos melhores ginastas presentes nesta competição se dirigiam aos seus treinadores ou coordenadores técnicos, após cada passagem, para ouvirem com muita atenção aquilo que lhes era dito. Não para se queixarem ou para apresentarem desculpas com ou sem sentido, mas para ouvirem e corrigirem. No fundo, para evoluírem nos seus exercícios (situação muito evidente no caso dos Bielorussos e dos Japoneses).
Por último, registo a fortíssima evolução que alguns países têm apresentado nos últimos anos. A Austrália regista uma evolução extraordinária e outros países como a Espanha, a Holanda e a Alemanha mostraram que não estão a dormir nem tão pouco estão distraídos.
Por enquanto, deixo-vos esta minha primeira reflexão e desejo-vos um excelente regresso a casa e ao trabalho nos vossos clubes. Tóquio é já ali e a preparação começou ontem.
Bons treinos
Com a crença de que podemos e devemos fazer mais e melhor, deixo-vos aquele abraço.
Helder Silva
Treinador de Trampolins
Terminada mais uma Competição Mundial Mundial por Grupos de Idades (Rússia 2018) e aproveitando as memórias ainda frescas daquilo que me foi sendo possível observar quer no recinto de competição que nas zonas de treino e aquecimento, partilho convosco algumas impressões e/ou conclusões com que deixo este país.
As grandes referências mundiais da ginastica de trampolins, mantêm-se no topo. A Rússia continua a apresentar-se como a referência máxima em Duplo-mini-trampolim, completamente destacada do resto do mundo (falo em termos globais, tendo por base o número de presenças nas finais e o número de medalhas conquistadas), secundada pelos Estados Unidos. Um pouco mais atrás, aparecem a Grã-Bretanha, a Austrália, a Espanha e Portugal por perto.
Quanto ao Trampolim Individual, a conversa é outra. Bielorússia destacada no sector masculino (seguida do Japão e da Rússia) e Bielorússia e Rússia a partilharem o trono no sector feminino.
O nível técnico, quer dos jovens ginastas Bielorussos quer dos Russos e Japoneses está de facto altíssimo, sendo nítida a evolução de algumas técnicas ao longo dos últimos anos, mas este será um assunto para tratarmos mais tarde, quando já estivermos em solo Tuga.
A nossa claque voltou a portar-se à altura e os nossos ginastas souberam estar e representar com brio a nossa bandeira.
O grupo de treinadores (oficiais e não oficiais) colaborou sempre com a amizade que nos carateriza e esteve sempre ao dispor das necessidades dos nossos ginastas.
Percebeu-se bem, para quem teve acesso à zona de training e warm-up, que aqueles ginastas que nos fazem vibrar nas bancadas e nomeadamente os que representam os tais países que estão no topo da ginástica de trampolins, são evoluídos nas suas técnicas, mas também na forma disciplinada, séria e madura como abordam todos os pormenores das sua preparação. Os aquecimentos são mesmo para aquecer, com a preocupação de preparar muito bem o corpo para uma atividade que se quer muito intensa e que vai exigir do corpo um esforço elevadíssimo. Prestei alguma atenção à forma como Russos, Bielorussos e Japoneses aquecem e apesar de terem modelos diferentes (enquanto os Russos e Bielorussos aquecem autonomamente, os japoneses aquecem como equipa), todos passam cerca de 30 minutos devidamente empenhados e focados no seu aquecimento. A maturidade e a consciência da importância de um excelente aquecimento reveladas por estes jovens é notória e apreciável. Algo a reter.
Lembro-me que os japoneses presentes na final de trampolim masculino no escalão de 15/16 anos estiveram a aquecer no chão durante cerca de 40 minutos. Sem brincadeira, sem perder tempo e apenas a prepararem-se física e mentalmente para a tarefa que os aguardava.
A ginasta russa que venceu o escalão 15/16 feminino em trampolim individual começou o seu aquecimento no chão, 45 minutos antes de subir para o trampolim do warm-up. Sozinha, mas absolutamente focada. Já em Daytona e em Odense, eu tinha reparado no aquecimento exemplar desta jovem que é para mim um modelo de trabalho e postura enquanto ginasta.
Outra coisa que me marcou, foi a forma como muitos dos melhores ginastas presentes nesta competição se dirigiam aos seus treinadores ou coordenadores técnicos, após cada passagem, para ouvirem com muita atenção aquilo que lhes era dito. Não para se queixarem ou para apresentarem desculpas com ou sem sentido, mas para ouvirem e corrigirem. No fundo, para evoluírem nos seus exercícios (situação muito evidente no caso dos Bielorussos e dos Japoneses).
Por último, registo a fortíssima evolução que alguns países têm apresentado nos últimos anos. A Austrália regista uma evolução extraordinária e outros países como a Espanha, a Holanda e a Alemanha mostraram que não estão a dormir nem tão pouco estão distraídos.
Por enquanto, deixo-vos esta minha primeira reflexão e desejo-vos um excelente regresso a casa e ao trabalho nos vossos clubes. Tóquio é já ali e a preparação começou ontem.
Bons treinos
Com a crença de que podemos e devemos fazer mais e melhor, deixo-vos aquele abraço.
Helder Silva
Treinador de Trampolins
Boa tarde Hélder, antes de passar ao assunto propriamente dito, deixa me dar te os parabéns , bem como à Renata Correria e ao professor Carlos Matias e claro ao Lucas Santos, não só pelo enorme ouro conquistado, mas pelo excelente trabalho que têm vindo a desenvolver ao longo destes largos anos na nossa modalidade e quanto a mim o ouro foi uma peça do puzzle, mais que merecida pelo trabalho!
ResponderEliminarDeixo também uma nota para todo o grupo que esteve neste cmgi, um grupo fantástico cheio de pessoas que juntas fazem desta modalidade em Portugal e pelo mundo fora, ser única e maravilhosa, obrigado a todos!
Indo então de encontro ao assunto que nos trás aqui.
Eu tive a minha primeira experiência ao ver de perto os ginástas de topo mundial, na taça do mundo, em Loulé e de facto o aquecimento é de um rigor técnico enorme, quer no chão, em que eles passam nunca menos de 30 minutos, alguns estendem até bem perto de 1 hora, quer no trampolim em que o foco é extremo e nota se pela forma como o executão.
Isto para fazer a ponte ao tema central!
Evidentemente desde pequenos que a disciplina é lhes imposta, quanto a mim, não é só um aspeto de treino, ou seja que nós treinadores impomos nos nossos treinos, mas vou mais além, dizendo que é cultural, tendo por base a educação que os atletas recebem nas diferentes situações do seu dia á dia, até chegarem ao treino.
E tudo isto podemos observar por exemplo, na forma como os mais pequenos chegam ao treino e colocam as coisas, em alguns casos no balneário, noutros casos dentro do recinto de treino no sítio já definido para o fazerem.
E para mim é sem dúvida importante estabelecer algumas regras básicas e com elas já estamos a trabalhar disciplina.
Aqui fica também a minha reflexão, não acrescentando nada de muito relevante, mas que me pareceu importante inaltecer estes pormenores.
Forte abraço Hélder,
Bons treinos!
Mais uma vez Renato, agradeço a tua participação. abraço
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