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(3 -) ou (4 -) o que ensinar primeiro??

Caríssimos:
 Hoje trago-vos uma questão para a qual ainda não consegui ter uma resposta absoluta.
O que devemos ensinar primeiro? 3/4 de Mortal à frente engrupado ou mortal à frente engrupado? 3/4 de mortal atrás engrupado ou mortal atrás engrupado?
Para já gostaria de cingir a discussão à posição engrupada que não está tão sujeita a limitações relacionadas com a força física dos jovens ginastas, embora o cerne da questão se aplique também às posições encarpada e empranchada.

Não tenho dúvidas de que numa fase inicial a aprendizagem dos 3/4 à frente e atrás engrupados são de uma exigência técnica muito superior ao mortal completo (se quisermos uma aprendizagem correta e com visão adequada da lona), o que pode fazer demorar mais a aquisição dos mortais (caso optemos pelo 3/4 primeiro).
Por outro lado, se optarmos por avançar diretamente para os mortais completos, a sua aprendizagem é relativamente rápida, mesmo em miúdos que não sejam especialmente talentosos. Contudo, as "afinações" destes elementos, sobretudo no take-of e na fase da abertura poderão acabar por nos exigir muito mais tempo do que aquele que seria necessário se tivéssemos optado por começar pelo 3/4.

Uma outra hipótese seria trabalhar os dois em simultâneo, mas eu questiono-me relativamente à primeira opção. Por qual é que iniciámos?

Avançando um pouco, fica a mesma questão relativamente à introdução aos baranis. Mortal à frente com 1/2 pirueta ou 3/4 à frente com 1/2 pirueta. Privilegiar uma aprendizagem rápida ou uma aprendizagem mais demorada e muito mais exigente tecnicamente só para que se possa ter a visão constante da lona?

Será que a aprendizagem pelo 3/4 (à frente ou atrás) retira velocidade de rotação aos mortais ou baranis?
Será que a aprendizagem pelo mortal completo compromete a fase de take-of e o momento da abertura (kick out)?

Qual a vossa opinião?

Aquele abraço;
Helder Silva

Comentários

  1. Boas Hélder... Acredito que principalmente no mortal atrás é melhor ensinar o mortal completo primeiro visto que o 3/4 já requer outro nível de coordenação temporo-espacial que à partida o ginasta nessa fase ainda não tem.

    Já no mortal à frente acredito que é uma mais valia fazer através da progressão dos 3/4 pois a introdução do barani à partida não estará cronologicamente longe e é mentalmente mais fácil de ser realizada do que atrás.

    Abraço,
    Nuno Silvano

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá Nuno.
      Argumentos válidos, sem dúvida.
      Obrigado pela tua participação.

      Abraço

      Eliminar
  2. Boas Hélder!
    Mais uma excelente questão que trazes.

    A introdução dos 3/4 à frente ou a trás seriam idealmente introduzidos antes da aprendizagem da rotação completa, isto seguindo a lógica da mecânica do salto. No entanto a questão mental e a coordenação espaço/temporal necessárias, nomeadamente no 3/4 atrás, dificulta que esta aprendizagem apareça antes.

    No salto à frente, penso que temos boas soluções para resolver dar a volta a esse problema. Nomeadamente, usando um plano elevado, que permite que possam trabalhar essa questão da visualização da fase aérea, o fecho e a abertura para costas em segurança e ainda em autonomia, desenvolvendo a sua confiança e auto conhecimento. Mesmo a variação da posição do plano elevado poderá permitir uma aproximação ao elemento final 4-o.

    O domínio desta progressão/técnica tem ainda a vantagem de retirar ao salto quase a totalidade da sua parte cega e com isso fazer um transfere mais rápido para o barani.

    Também o uso, no trampolim, das gatas, 3/4, ou do joelhos, 3/4, em cima de colchão de apoio, poderá facilitar a aquisição deste movimento.

    Normalmente, até por uma questão de gestão do treino e no caso do salto à frente, no GCS desenvolvemos a duas técnicas em simultâneo, uma em contexto de trampolim e a outra em contexto em plano elevado/trampolim com colchão de apoio.

    Já no caso do 3/4 a trás, por ser um movimento mais contra-natura e por ter implicações óbvias no aparecimento de mazelas físicas no caso de falta de domínio da técnica e consequentemente mazelas mentais, como o medo, a defesa e até o LSkS, entendo que no mínimo devemos promover o domínio do 4 - o primeiro, que em uma vantagem gritante em relação ao homologo realizado à frente, que é a facilidade do controlo da fase de abertura.

    Normalmente o que tento fazer, é logo que dominado o 4-o back, introduzir o 3/4 back o, e dai procurar tirar as vantagens inerentes ao domínio da técnica de 3/4.

    Espero ter contribuído com algo.

    ResponderEliminar
  3. Obrigado Fernando.
    Excelente contributo.
    Abraço

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