A Vela de Marcação - Na minha perspectiva.
Caros(as) amigos(as):
A vela de marcação. Aquele salto tão simples e tão decisivo para o início de uma série de trampolim.
Um salto, à partida simples, mas em que tantos ginastas cometem erros crassos e comprometem uma série antes mesmo de esta começar.
Vamos então aos erros mais frequentemente observados:
- A vela de marcação é feita exageradamente atrás da cruz (quando a série começa com um elemento de rotação à frente) ou à frente da cruz (quando a série começa com um elemento de rotação atrás). Isto poderá fazer com que o ginasta induza um deslocamento desnecessário ao primeiro elemento técnico, perdendo verticalidade e consequentemente execução e Tof.
- A vela de marcação é feita com os braços a baixarem pela frente em vez de baixarem pelo lado. Aqui, as opiniões podem ser mais divergentes. É possível fazer das duas formas, mas eu prefiro sempre que os braços baixem pelo lado. O baixar dos braços pela frente pode levar a um "enrolamento" involuntário dos ombros e a um deslocamento desnecessário para a frente, que compromete a preparação do primeiro elemento (mais notório em ginastas mais novos).
- Excessiva retroversão da bacia. Muitas vezes, numa tentativa de se manterem "apertados", os ginastas acabam por contrair a zona das coxas e glúteos e esquecem-se de contrair a zona abdominal, levando a que a bacia avance para além do alinhamento dos pés. Numa série que começa, por exemplo, com um 3/4 back A, isto pode significar uma posição mais "selada" no ar ou até a que a entrada seja invertida. Num início de série com um salto de rotação à frente (ex. HoB), pode obrigar a que os braços baixem mais cedo na saída da lona, numa tentativa de introduzir uma rotação que estará dificultada pelo alinhamento dos ombros face ao centro de massa.
- Projeção dos pés para a frente no momento da marcação, fazendo com que o ginasta ataque a lona com a linha dos ombros atrás da linha dos pés. Consequência? Apoio na lona apenas com a parte posterior dos pés, dificuldade em afundar a lona de forma estável, incapacidade de sair da lona com uma orientação verticalmente correta e sobretudo (no caso dos saltos atrás) incapacidade de sair da lona pela ponta dos pés, desperdiçando assim uma das fases essenciais da resposta da lona.
Na minha opinião, a vela de marcação deve ter o cuidado de manter o queixo alinhado com as pontas dos pés, tanto na entrada como na saída da lona.
Duas sugestões simples de trabalho:
- No trampolim - Velas quase máximas + Vela de marcação + vela máxima com salto engrupado (perceber pelo deslocamento se o ginasta está a conseguir um bom apoio na lona após a vela de marcação).
- No chão, num colchão fino, simular uma vela de marcação seguida de uma extensão rápida e enérgica para a ponta dos pés, procurando aguentar 3 segundos em pontas dos pés, sem desequilíbrios.
Obrigado pelo vosso tempo;
Aquele abraço
Helder Silva
P.S: sintam-se à vontade para comentarem e para discordarem. Este espaço é para isso mesmo.
Caros(as) amigos(as):
A vela de marcação. Aquele salto tão simples e tão decisivo para o início de uma série de trampolim.
Um salto, à partida simples, mas em que tantos ginastas cometem erros crassos e comprometem uma série antes mesmo de esta começar.
Vamos então aos erros mais frequentemente observados:
- A vela de marcação é feita exageradamente atrás da cruz (quando a série começa com um elemento de rotação à frente) ou à frente da cruz (quando a série começa com um elemento de rotação atrás). Isto poderá fazer com que o ginasta induza um deslocamento desnecessário ao primeiro elemento técnico, perdendo verticalidade e consequentemente execução e Tof.
- A vela de marcação é feita com os braços a baixarem pela frente em vez de baixarem pelo lado. Aqui, as opiniões podem ser mais divergentes. É possível fazer das duas formas, mas eu prefiro sempre que os braços baixem pelo lado. O baixar dos braços pela frente pode levar a um "enrolamento" involuntário dos ombros e a um deslocamento desnecessário para a frente, que compromete a preparação do primeiro elemento (mais notório em ginastas mais novos).
- Excessiva retroversão da bacia. Muitas vezes, numa tentativa de se manterem "apertados", os ginastas acabam por contrair a zona das coxas e glúteos e esquecem-se de contrair a zona abdominal, levando a que a bacia avance para além do alinhamento dos pés. Numa série que começa, por exemplo, com um 3/4 back A, isto pode significar uma posição mais "selada" no ar ou até a que a entrada seja invertida. Num início de série com um salto de rotação à frente (ex. HoB), pode obrigar a que os braços baixem mais cedo na saída da lona, numa tentativa de introduzir uma rotação que estará dificultada pelo alinhamento dos ombros face ao centro de massa.
- Projeção dos pés para a frente no momento da marcação, fazendo com que o ginasta ataque a lona com a linha dos ombros atrás da linha dos pés. Consequência? Apoio na lona apenas com a parte posterior dos pés, dificuldade em afundar a lona de forma estável, incapacidade de sair da lona com uma orientação verticalmente correta e sobretudo (no caso dos saltos atrás) incapacidade de sair da lona pela ponta dos pés, desperdiçando assim uma das fases essenciais da resposta da lona.
Na minha opinião, a vela de marcação deve ter o cuidado de manter o queixo alinhado com as pontas dos pés, tanto na entrada como na saída da lona.
Duas sugestões simples de trabalho:
- No trampolim - Velas quase máximas + Vela de marcação + vela máxima com salto engrupado (perceber pelo deslocamento se o ginasta está a conseguir um bom apoio na lona após a vela de marcação).
- No chão, num colchão fino, simular uma vela de marcação seguida de uma extensão rápida e enérgica para a ponta dos pés, procurando aguentar 3 segundos em pontas dos pés, sem desequilíbrios.
Obrigado pelo vosso tempo;
Aquele abraço
Helder Silva
P.S: sintam-se à vontade para comentarem e para discordarem. Este espaço é para isso mesmo.
Concordo com TUDO, contudo e como referiste a vela com o baixar de braços pela frente nos mais experientes não prejudica, apenas temos que verificar as características de cada um. Mas prefiro pela frente.
ResponderEliminarConcordo com TUDO, contudo e como referiste a vela com o baixar de braços pela frente nos mais experientes não prejudica, apenas temos que verificar as características de cada um. Mas prefiro pela frente.
ResponderEliminarOlá Helder. Antes de mais, agradeço a tua participação. A intenção é mesmo essa, apresentar ideias, partilhar opiniões e pensar as técnicas sob diferentes pontos de vista. Quanto mais opiniões diferentes conhecermos, mais rico será o debate. Fica o convite a todos os treinadores que queiram dar a sua opinião.
EliminarAbraço. Helder Silva
Olá João. Não penso que exista um "truque" para esse efeito. Acredito mais que essa capacidade depende de um trabalho continuado e atento, quer no trampolim, quer no "chão". Existem alguns exercícios simples que podem ajudar os miúdos mais novos a terem uma maior consciência das suas ações musculares. deixo-te algumas sugestões de exercícios:
ResponderEliminar- Pinos na parede (suficientemente próximo da parede para não selar demasiado);
- Pranchas estáticas no chão
- Pinos no espaldar com a barriga virada para o espaldar (vão trepando com os pés) não deixando que a barriga toque no espaldar e procurando que o corpo defina uma linha recta;
- Deitado no chão, de barriga para cima, com os braços ao lado da cabeça, tentar "colar" a zona lombar ao chão sem levantar as pernas nem os ombros;
- Pêndulo (um miúdo a oscilar para a frente e para trás, entre dois colegas que o seguram e empurram, sem mexer os pés, mantendo os braços ao lado do tronco);
- Prancha com os pés elevados (em cima de um plinto, por exemplo).
Espero ter ajudado.
Se mais alguém quiser partilhar alguma sugestão de trabalho, será muito bem vinda...
Abraço. Helder Silva
Olá a todos. Uma felicitação especial pela iniciativa e por este fórum/Blog de reflexão. Vou tentar participar sempre que possível. Mais do que a minha opinião sobre os assuntos tentarei apelar à reflexão de todos.
ResponderEliminarPenso que o treinador Português, naturalmente, ainda está muito ligado ao que lhe dá segurança e “repisa” aquilo que vai tendo sucesso, esquecendo-se muitas vezes a reflexão critica o seu próprio método em benefício futuro. Este comportamento poderá ser uma garantia de sucesso no momento, mas muito condicionador do futuro do desenvolvimento local.
A história mostra-nos que a nossa modalidade surge por uma necessidade do Homem em desafiar as leis da gravidade. Ao longo dos anos e de toda a sua evolução este trajeto foi sendo percorrido por experiências e conhecimento empírico. No entanto, para podermos alcançar patamares cada vez mais evoluídos será necessário perceber como atuam as forças e quais as suas consequências biomecânicas.
O tema apresentado não poderia ser mais interessante. Começar pelo inicio, eu diria, mesmo pelo inicio, antes da vela de preparação!! Talvez pelos saltos em extensão de preparação???
Recordo-me que em 2005 no WAG de Eindhoven observar e até partilhar com um dos treinadores presentes que bastava ver os saltos extensões para perceber o talento dos ginastas e perceber aquilo que eram capazes de fazer... ... acreditem que a diferença entre países era muito evidente e não precisávamos de ver os 10 elementos técnicos para encontrar os medalhados na especialidade de TRI.
Bom, mas em relação este tema proposto gostaria de lançar algumas “achas para a fogueira”. Naturalmente os braços tem uma influência ENORME na criação de forças que por sua vez desencadeiam outras forças contrárias, ou seja, efeito Acção-Reação
Assim, quando os braços baixam pelo lado, pela frente ou por trás irão implicar uma força contrária em sentido inverso no outro lado do eixo!!!???? Por exemplo com implicação na impulsão dos membros inferiores.
Questão:
a) Queremos provocar esse efeito de forma propositada para criar um momento angular rápido? R: então os braços devem baixar por X
b) Queremos ter uma posição estável e equilibrada? R: os braços deverão baixar pela posição Y
Uma coisa estamos de acordo, este elemento é de extrema importância e deve ser objeto de trabalho específico nos nossos treinos. No Japão este instante (Vela de Marcação) é considerado como o momento em que o Samurai se prepara para desferir o seu Golpe Mortal no adversário. Esta ideia é transmitida com uma conotação histórica muito interessante.
Fica o meu contributo,
cumprimentos a todos
Carlos Nobre
Obrigado Carlos pela tua participação. Fica o acréscimo do teu raciocínio deveras pertinente. Como já tive oportunidade de te dizer, este espaço está disponível para intervires e "provocares" momentos de reflexão e discussão saudável, sempre que te parecer oportuno. Espero que mais treinadores tenham a vontade de participar. Um abraço. Helder Silva
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